quinta-feira, 22 de junho de 2017

INSANIDADES JUDICAS
Barbarizando a História (parte 6)
Embora muitos estudiosos tenham feito objeção ao livro de Josué devido à campanha de extermínio que descreve, o texto, até um período relativamente recente, era o favorito em muitos círculos sionistas dos quais David Ben-Gurion era um representante proeminente. Os relatos sobre a colonização e o retorno do povo de Israel a sua terra prometida emprestaram poder e fervor aos fundadores do Estado de Israel, e eles agarraram-se à inspiradora semelhança entre passado bíblico e o presente nacionalista.

E mesmo que o ensino desse "passado" tenha se mostrado ética e pedagogicamente destrutivo, o sistema de educação israelense recusa-se a excluir do currículo esses vergonhosos relatos de extermínio.

O trabalho de campo de arqueólogos israelenses, como o de Israel Finkelstein -- que já foi professor de arqueologia da universidade de Tel Aviv -- tem proporcionado evidência cada vez mais decisiva de que o êxodo do Egito nunca ocorreu e que a terra de Canaã não foi conquistada de repente durante o período identificado na Bíblia. Finkelstein, em conjunto com o historiador norte-americano Neil Silberman Archer, ganharam um prêmio muito importante e prestigiado de Israel: o Dan David, pelo estupendo trabalho de arqueologia, que durou dez anos, com a colaboração de mais de cem voluntários, e que resultou num livro muito disputado: "A Bíblia Desenterrada" (ou "A Bíblia Não Tinha Razão"). Neste livro, os dois autores colocam as "histórias" bíblicas no chão. Praticamente nada do que foi escrito na Bíblia aconteceu. Principalmente, óbvio, as mais fabulosas.

Shlomo Sand é professor de História na Universidade de Tel Aviv, nasceu na Áustria, mas é filho de judeus, foi judeu e abandonou a fé. Passou seus dois primeiros anos de vida em um campo de refugiados judeus na Alemanha e, depois emigrou com os pais para Israel. Atuou como soldado na Guerra dos Seis Dias, em 1967. É autor dos livros "A Invenção da Terra de Israel", "A Invenção do Povo Judeu" e outros.

Estes estudiosos altamente qualificados são apenas alguns que estão cansados de tanta mentira. Muitos professores israelenses especialistas no assunto são muito mais honestos dos que se acham conhecedores de fora, como alguns brasileiros metidos a intelectuais, mas que não sabem de judaísmo patativa.

Nunca vi uma pessoa que falasse de judaísmo de forma mais profunda, mas sempre superficial, como fazem os cristãos, ao falarem de cristianismo. Quase uma pregação.
Na luta pelo monoteísmo, todos os meios de persuasão eram considerados legítimos. Um resultado foi a incitação hostil e indiscriminada contra a veneração generalizada de ídolos e a corrupção moral concomitante.

Tais hipóteses permanecem extremamente inconvincentes. Falham em responder à pergunta fundamental: por que a história bíblica retrata os primeiros monoteístas como imigrantes e conquistadores completamente estrangeiros à terra que chegaram? Essas hipóteses tampouco nos ajudam a entender como evoluiu a aterradora história de um massacre da população local. A brutalidade do período antigo é bem conhecida e se reflete em muitas fontes; histórias de assassinatos em massa podem ser encontradas nas lendas dos antigos assírios e na "Ilíada", e todo estudante de História está familiarizado com a brutalidade de Roma contra os habitantes da derrocada Cartago. Entretanto, embora atos de extermínio tenham sido ocasionalmente mencionados em documentos, não conheço nenhum grupo que tenha executado tais atos e se gabado do feito ou oferecido justificativas teológicas ou morais para a aniquilação de uma população inteira apenas para herdar sua terra.

Ao longo do Pentateuco e dos livros dos profetas, o exílio reverbera como uma experiência concreta e serve repetidamente como ameaça. É o caso do Levítico: "Eu hei de espalhá-los entre as nações, e desembainharei a espada atrás de vocês, e sua terra será uma desolação [...]. E vocês hão de perecer entre as nações, e a terra de seus inimigos há de consumir vocês" (26:33, 39-9). É também o caso no Deuteronômio: "E o Senhor vai espalhar vocês entre os povos, e vocês serão deixados em pequeno número entre as nações para onde o Senhor os conduzirá" (4:27). Essas ameaças são virtualmente idênticas a referências feitas em livros francamente "pós-exílio", como Neemias: "Se vocês forem infiéis, eu os espalharei entre os povos" (1:8).

Mesmo que seja algo banal, é importante lembrar o seguinte: muito cedo em sua existência, o ser humano adquire individualidade, que exige ser reconhecida por seu entorno. O "eu" se revela e fixa para si uma identidade, resultado de um diálogo permanente com o olhar do outro. A identidade não está fixada pelo olhar do outro tanto quanto pela consciência que o sujeito tem de si? Enquanto um judeu existir para o outro, ele continuará acreditando na impossibilidade de apagar sua "alteridade judaica" ou abstraí-la. Quando uma tradição de ética intracomunitária se une a um poder religioso, nacional, ou ao poder de um partido, ele sempre dá origem a terríveis injustiças contra aqueles que não fazem parte da "comunidade". Israel nunca se mostrou uma teocracia rabínica, isto é um fato. A comunidade rabínica deseja o desmantelamento de Israel, por mais absurdo que pareça. Eles desprezam a ideia de um Estado judeu.

Para justificar a colonização na Palestina, o sionismo invocou a Biblia, apresentada como um título de propriedade jurídica da terra, ou seja, usou a herança religiosa judia para fins estranhos aos religiosos judeus ortodoxos. Em seguida desenhou o passado das inúmeras comunidades judaicas, não como afrescos de grupos convertidos ao judaísmo na Ásia, na Europa e na África, mas como retrato da história linear de um povo-raça, pretensamente exilado pela força de sua terra natal, para a qual, por 2 mil anos, ansiava por retornar. Em uma linguagem clara, "estávamos aqui primeiro, e agora estamos de volta", ou pior "esta é a terra de Abraão, dada por Deus", pásmem!

O sionismo (os judeus milionários que sempre viveram em países civilizados europeus e também nos EUA, e que jamais pensaram em viver na Palestina) interiorizou profundamente o mito religioso da descendência de Abraão e a lenda cristã do povo amaldiçoado e errante, cujos pecados levaram ao exílio. A partir dessas duas matrizes, o sionismo conseguiu formar a imagem de uma etnia cujo caráter claramente fictício em nada impediu sua eficácia.

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