O DIABO QUE TE
CARREGUE
Capítulo 8
A Invenção da
Personificação do MAL
Num texto como
este, é indispensável o auxílio, não só de bons livros relacionados, de autores
reconhecidamente sérios, como também uma boa tradução da Bíblia para o
Português. Em todos os casos, as citações bíblicas, no corpo do texto vêm da
Bíblia de Jerusalém (edição de 2002, nona reimpressão feita em 2013), publicada
pela editora Paulus. A Bíblia de Jerusalém é sempre a preferida pelos estudiosos
sérios, em razão das suas características doutas amplamente reconhecidas.
Apesar de inútil,
a história da "Tentação no Deserto" (somente em Mateus 4!), deve ser lembrada
neste texto pela importância do contexto teológico cristão. Ela coloca cara a
cara o "Príncipe da Paz" e o "Príncipe do Mal"; Jesus versus Satanás/Diabo. Lá
se diz que Jesus foi elevado ao deserto pelo Espírito Santo, com a única
finalidade: de que Satanás aparecesse para tentá-o. Bom, essa história você
também já está careca de saber, porém, o que nos interessa aqui é como o Messias
trata o príncipe do mal.
Mateus 4 parece
contestar tudo o que eu acabei de explanar sobre o fato da palavra Satanás ser
usada como um artigo, e não como um pronome. Jesus é tentado pelo
"diabo"(exatamente assim, na Bíblia de Jerusalém com "d" minúsculo). E no
versículo 10 Jesus diz a esse diabo "Vai-te, Satanás", com "S" maiúsculo, como
se "diabo" fosse um artigo e "Satanás" um pronome. Parece confuso, mas ainda no
capítulo 16:23 de Mateus e em Marcos 8:33, Jesus usa o pronome Satanás como um
artigo, ao xingar o apóstolo Pedro.
Dentre várias
estorietas inúteis na Bíblia envolvendo Jesus, vou citar mais duas envolvendo
"seres sobrenaturais malignos", para não fugir do tema. Você, leitor, pode me
ajudar a entender qual o significado dessa estória de Maria Madalena e seus sete
demônios? E o que há de tão extraordinário em Jesus atender ao pedido de uma
"legião de demônios" (rogando!) para adentrarem em dois mil porcos, que se
precipitaram montanha abaixo, ao mar? Eu, hein!? Não ria, não ria!
Nós humanos somos
apaixonados por símbolos e imagens. Isto está arqueologicamente comprovado nos
desenhos rupestres, feitas à dezenas de milhares de anos encontrados em várias
cavernas, principalmente na França, mas também em outros países. E a imagem do
mal, o Diabo, com características familiares, como chifres, rabo, etc., se fez
no século XIII em diante. Todo tipo de arte foi usado, tanto para as histórias
bíblicas de deuses, de messias (principalmente Jesus, lindo, loiro, olhos claros
e, pásmem, com roupas romanas!), como em fábulas em geral. Muito diferente com o
que fizeram parecer as características do Diabo, evidentemente, mas fizeram.
Dante Alighieri
(1265-1321) lança seu livro-legado "A Divina Comédia", história dividida em três
partes; "Inferno", "Purgatório" e "Paraíso", reafirmando a ideia de uma real
imagem do inferno nas cabeças da sociedade ocidental.
O Demônio do
Ocidente foi essencial para a Santa Inquisição e a Caça às Bruxas entre os
séculos XV e XIX, prática religiosa que tem como estimativa a morte de mais de
100 mil pessoas. Em 1486 dois monges dominicanos alemães produziram o mais
imfame (se você não considerar a Bíblia) livro-manual de tortura até a morte
daqueles "endemoniados", hereges, infiéis etc.
Aliás, ainda hoje
mata-se muito mais em nome do Deus bíblico, mata-se muito mais em nome de Maomé
e até mesmo mata-se muito mais em nome de Jesus do que em nome do Diabo. Os
homens nunca fazem o mal tão plenamente e com tão entusiasmo como quando fazem
por convicção religiosa. Isso é histórico. Existem, por exemplo, dezenas de
museus dá Santa Inquisição Católica espalhadas pelo mundo afora, inclusive tem
uma no Brasil; claro que não poderíamos ficar de fora dessa, não é?
RICHARD HOFFMAN
RICHARD HOFFMAN
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